4 de julho de 2006
1/2 AMBIENTE: Conselho de Meio Ambiente/Londrina quer investigação sobre desvio de documentos
Um projeto de Lei, que agora é Lei em Londrina, que mudou o zoneamento urbano de zona comercial para zona industrial é o nó da questão nesse desvio de documentos que o Consemma/Londrina pede providências.
Será que foi responsabilidade de um funcionário relapso?
Será que foi um excesso de zelo de algum vereador em ver aprovado uma Lei que beneficia um provável amigo seu?
Com calma e com tempo a gente vai saber a resposta. Aguardemos. Clique no Linque e Veja a notícia no Jornal de Londrina.
3 de julho de 2006
Sobre a lista comunidade...
Estou fazendo em março do ano que vem 10 anos de ensino superior e 11 anos e seis meses de serviço público. A meu ver, é uma data a comemorar. Muito me orgulho de ser servidora pública, apesar dos baixíssimos salários que temos recebido. Mas, o que isto tem a ver com a questão que você me fez? Eu sou de uma geração que nasceu no meio da ditadura (1967). Só vim tomar conhecimento de questões políticas por volta dos 17 anos, e quando meus pais perceberam isso ficaram apavorados, preocupados com meu futuro. O temor que a ditadura deixou em todos nós, o medo de dizer o que pensa, de ser contrário à autoridade, está arraigado. Lentamente, vamos nos desprendendo de um temor fundado na cassação da palavra pela força. A condição de servidora pública, a estabilidade que o serviço público nos proporciona, esta conquista que devia estar estendida a todos ostrabalhadores, me obriga a não calar diante de diversas questões que me instigam.
As greves de 2000 e 2001/2002 permitiram a nós uma experiência única: discutir a Universidade... Colocar em cheque a administração do Prof. Jackson... Recuperar princípios que estavam adormecidos entre FG´s, CC´s, planilhas lotadas de afazeres, reuniões intermináveis em que o tema central é a burocracia. Fazer a crítica aos cursos pagos e às taxas, à amarração política dos cargos de confiança, ao uso da coisa pública para fins privados etc. Foi uma lição de exercício de posicionamento ante questões cruciais para a Universidade.
Não me recordo bem em que período, mas quase no fim da gestão Gordon a lista comunidade foi implantada... Pensei: será que eles têm certeza de que querem fazer isto? Ali, a Universidade Pública, a UEL, estava construindo o primeiro espaço democrático para as discussões que desejávamos fazer (basta recuperar as questões que discutimos aqui).
Insisto: primeiro espaço democrático, porque para participar das discussões tanto fazia ser professor, estudante ou funcionário... Tanto fazia ser reitor, diretor de centro, chefe de departamento, coordenador de colegiado, técnico administrativo... A Lista Comunidade é um espaço democrático porque não precisa ser eleito para participar dela... Justamente, porque ela não é CU, CD, CC, sindicato apossado ou sei mais quantas siglas referentes a fóruns de discussão restritos à minoritária - que se fez maioria - docente, onde a burocracia tem mais peso que as discussões de fundo... A lista comunidade coloca em cheque esta democracia oficial.
Obviamente, trata-se de uma democracia restrita... Afinal, quem domina a linguagem para escrever aqui? Mais: quem, nesta Universidade da disparidade na qualificação do pessoal, foi treinado para lidar com esta máquina? Nesta Universidade dos privilégios, quem consegue entrar nas salas de informática e usar os computadores no horário de trabalho, ou fora dele, para discutir? Quem possui um terminal à sua disposição?Sabemos quantos ficaram de fora, mas, ainda assim, muitos dos que estavam fora, estão, agora, contemplados.
Obviamente, as discussões da lista não são primores do pensamento acadêmico. Até porque, elitista, o pensamento acadêmico acha que é bom demais para circular por aqui... Mas, a meu ver, as listas são fóruns privilegiados de debate, de discussão, de circulação de idéias... Defendo isto aqui, e em várias outras listas de que participo.
Os que ocuparam a reitoria nos últimos quatro anos tiveram uma participação central nas greves a que me referi acima... E, penso, esta foi a grande decepção... Ao expor seus pensamentos nos diversos microfones que lhes eram disponibilizados, publicizaram suas posições extremamente democráticas. E, curiosamente, no que toca à comunicação pública, à necessidade democrática de discussão, durante o processo de gestão, deixaram muito a desejar... Converteram-se em extrema direita... Praticamente em Ditadura... Os que tentaram comunicar-se pela lista neste período viram suas mensagens serem, sucessivamente, esquecidas; sucessivamente não publicadas... Fomos calados de várias formas... Nestalista... Nos fóruns de discussão... Nos corredores... Tivemos de recuperaras manobras do Henfil para colocar em discussão algumas questões... Sem querer discutir a forma, penso que a explosão de manifestações que temos tido é um indicativo do sentimento generalizado de insatisfação. Só lamento que sejamos passivos a ponto de não brigar durante o processo... De gritar só depois. Numa espécie de mergulho forçado, ao final do qualnecessitamos urgentemente respirar...
Você me pergunta por que participo aqui. Eu respondo que é porque não quero precisar possuir um meio de comunicação, ocupar um cargo ou ser amiga do rei para tomar conhecimento e discutir algumas das questões que considero centrais para a Universidade...
Pra terminar, brinco colocando em cena uma parlenda: “Cala a boca já morreu: quem manda na minha boca sou eu!”. Não nos enganemos... O “cala aboca” tá vivinho e ocupa os fóruns de poder em busca de novos degraus a escalar... Resta-nos ficar quietinhos ou dar um basta aos diversos “calabocas” que temos sido obrigados a engolir...
Elza Peixoto
Publicado originalmente, revisado pelos editores, no Jornal Notícia - UEL. N. 1088. 28/06/2006
QUANDO A RESPOSTA ÀS CRÍTICAS SE DÁ PELA DESQUALIFICAÇÃO
Elza Peixoto
Recentemente, ocorreu uma intensa participação de membros da comunidade universitária na lista comunidade (comunidade@listas.uel.br), discutindo e problematizando temas diversos que estão em foco hoje na Universidade, com um intenso tom de crítica. Respondendo a estas, Assessores de Comunicação da instituição apresentaram pontos de vista contrários às críticas efetuadas pelos participantes da lista. Até aqui uma situação normal nas relações universitárias. No entanto, algo me chamou a atenção: a opção pela desqualificação dos críticos.
Fiquei refletindo porque os Assessores de Comunicação, ao posicionar-se sobre as reflexões feitas na lista, optaram pela desqualificação. Não vimos, até agora, a opção pela construção de argumentações que comprovem a improcedencia das críticas, sua fragilidade, sua superfluidade ou sua inverdade. Vimos apenas um ataque ferrenho e apaixonado aos que as realizaram.
É compreensível a irritação ante a crítica a algo que se faz com empenho - como o demonstrou a mensagem do Sr. Gouvea ao referir-se ao trabalho que desenvolve na assessoria - mas porque a resposta se deu a partir da opção de desqualificar, de negar as qualidades da pessoa e do texto crítico produzido?
Refleti sobre a questão um bom tempo e cheguei à conclusão que a finalidade é esta mesma: desqualificar. Retirar as qualidades utilizando-se de adjetivos de impacto a fim de evitar que o essencial, as críticas efetuadas, venham a ser ouvidas e consideradas como possibilidade de interpretação, como ponto de vista verdadeiro. Optando-se pela desqualificação, não é preciso entrar no contúdo da crítica, discutindo e comprovando suas falhas por meio de argumentação.
Evitando este caminho - mais trabalhoso e perigoso - fez-se a opção por desqualificar os métodos estabelecendo um padrão de análise não cumprido (como se não houvessem outras alternativas metodológicas). Assim, evitando o enfrentamento por meio do argumento, opta-se por negar a competência, a qualificação ou o status da pessoa que teceu as críticas. Deste modo, esconde-se, inclusive, a intenção de desviar a atenção do conteúdo das críticas.
Compreendendo, finalmente, este interesse, recordei-me das teorias de Orlandi (pesquisadora - UNICAMP) a respeito dos processos de produção do discurso (entendido como efeito de sentidos entre locutores), em que esta explica como no próprio processo de dizer algo, já estão inscritas as condições em que se diz, e tudo aquilo que se deseja silenciar. Por esta razão, propõe que uma análise considere todo o contexto em que o texto é produzido. Sua localização no tempo. Os interesses que estão em jogo. A posição que ocupa quem produz o discurso. Os interlocutores a quem o discurso almeja. A posição em que se deseja colocar. As repetições. As coisas que são ditas e as que não são. O contexto é que permite compreender o que está no texto.
Atentos a estes detalhes, aprendemos a valorizar a informação significativa, indo muito além da contagem de fotos, de textos, de suas autorias. Aprendemos a não nos perder na variedade da informação disponível. Aprendemos a mapear os sentidos e as intenções de quem diz.
Aprendemos a ler o conjunto contextualizando-o na conjuntura em que é produzido.
Não é preciso fazer uma análise estatística de um instrumento, quando desejamos entender o que ele está querendo dizer e evitando dizer. A simples atenção ao cuidado do autor do discurso em dizer primeiro o que não quer fazer, pode sinalizar que este não deseja ser confundido com outros que adotaram aquela conduta. Indica também a intensa preocupação que está tendo, a atenção que está dando, por exemplo, em não parecer com seus adversários, a fim de marcar a diferença. Mas, no conjunto, todo o esforço, pode estar apontando, mesmo contra a vontade do produtor do discurso, para além das diferenças repetidamente destacadas, todas as semelhanças entre estes. Deste modo, lá no meio do texto - lá mesmo - estão todas as coisas que se quis esconder.
Elza Peixoto é professora no Centro de Educação e Desporto da UEL
Artigo originalmente publicado no Jornal eletrônico Notícia Digital
Refletindo com o sr. Nelson Iucif Jr.
autor: Elza Peixoto
4/3/2002
Acabei de ler a resposta do sr. Nelson Iucif Jr. ao sr. Manoel Paiva e constatei a necessidade de esclarecer alguns fatos que podem viabilizar outros olhares sobre a greve.
Não posso deixar de assinalar que os servidores da Universidade foram punidos com a desorganização de suas vidas profissionais e pessoais por seis longos meses. Apenas quem viveu a greve, ou conviveu com os grevistas, é capaz de saber das noites de insônia, da depressão e da angústia pelas quais passamos. Agora, o que é mais interessante assinalar é que o lucro maior das conquistas advindas com a greve recai sobre a comunidade externa.
Explico-me: é fato que a Universidade Estadual de Londrina, além da atividade de ensino cujo prejuízo o sr. mais assinalou, realiza atividades de pesquisa e extensão que têm suprido as deficiências do atendimento do Estado no âmbito das políticas sociais (Hospital Universitário, Atendimento Odontológico, Hospital Veterinário, entre outros).
Ao deixar de financiar a Universidade Pública, ao pagar mal aos servidores desta instituição, o Governo do Estado, na pessoa do Gov. Jaime Lerner e do grupo político-econômico que representa, debilita serviços de que a comunidade londrinense depende, prejudicando-a. A greve dos servidores da UEL está brigando, em última instância, pela garantia da qualidade destes serviços.
Exercitar um olhar mais amplo sobre a greve como instrumento de defesa dos direitos da população que utiliza os serviços oferecidos pela Universidade, foi o aprendizado maior que garantiu que não cedêssemos ao ver nossos pacientes, nossos alunos, nossa comunidade esperando em angústia a solução da nossa luta. Este fato fez a greve mais forte ainda, porque, apesar de todas as pressões, nós continuamos a resistir.
Afirmo que mantermo-nos em greve por reajuste foi, em última instância, garantir a qualidade no atendimento que prestamos à comunidade. Quão melhor remunerados somos, melhor o grau da atenção que podemos dar aos que desfrutam dos serviços que prestamos.
Gostaria que o sr. visse o brilho de esperança na face dos docentes, funcionários e alunos que, envolvidos com as ações desenvolvidas na greve, acreditaram, finalmente, na possibilidade de reverter os danos ocorridos em suas vidas pessoais e acadêmicas. Nos últimos 10 anos, observaram sucessivos governos retirarem verbas da educação pública e gratuita, sucatearem seus locais de trabalho e tornarem mais precária sua condição de vida sem nada poderem fazer.
Não houve abuso do direito de greve. Esta era a nossa única alternativa diante do firme propósito do governo de não reconhecer nossa situação. Houve, sim, abuso de poder do governo Lerner ao descumprir a Constituição em diversos itens, não dando aos trabalhadores dos diversos setores públicos a reposição salarial a que estes setores têm direito.
Os cidadãos habituam-se a esconder-se em suas vidas privadas, e não percebem o quanto os serviços públicos estão ficando precários. As polícias estão atuando em precárias condições de trabalho... O HU desde junho de 2001 indicava na imprensa local as dificuldades de funcionamento advindas da superlotação em função da reforma da Santa Casa. A população padece com estas e tantas outras debilidades do serviço público de que necessitam.
Infelizmente, para que os cidadãos sejam acordados e reivindiquem seus direitos de atendimento de qualidade nos serviços públicos, é necessário que os servidores públicos cheguem ao extremo de entrar em greve (sendo confundidos com vagabundos oportunistas, vendo seus salários cortados e necessitando implorar alimentos na porta dos estádios e igrejas para garantir o sustento dos mais atingidos pelo corte de salários).
Ao cobrar por permanecermos em greve apesar de continuarmos recebendo, o sr. faz o jogo do governo, que desejava nos desqualificar e ver-nos recuar voltando ao trabalho sem avanço, desistindo de reivindicar nossos direitos e de lutar pelos direitos da população.
Não entramos em greve para receber de volta nossos salários, mas para receber a reposição de perdas advindas da inflação no período de 6 anos. A falta desta reposição debilita nossas condições de vida e a qualidade do serviço que prestamos à comunidade.
Nós prestamos o serviço do ensino público e gratuito à comunidade londrinense e brasileira. Os funcionários do HU prestam o serviço de saúde gratuita aos membros da comunidade londrinense e à região. Nenhum membro da comunidade se pergunta, no dia a dia, como está a condição de trabalho e de vida destes servidores. Com a greve, nós estávamos gritando, sr. Nelson Iucif, e demorou muito para que a comunidade nos ouvisse.
Estar atentos é um dever dos cidadãos. Não apenas quando o calo aperta, mas quando há aparente tranquilidade. Os vulcões fervem sempre e estouram de quando em vez, quando não suportam a lava. O conjunto dos servidores públicos do Paraná e do Brasil está ebulindo nas entranhas do cotidiano, suportando a política de desmonte implantada pelo Estado. Se não quisermos nos deparar com o caos, temos de começar, agora, a cobrar do Estado a obrigação de manutenção dos serviços e dos servidores públicos, pois estes setores prestam sim serviços fundamentais à população sem nunca serem vistos ou ouvidos, e muitas vezes, sendo mal tratados profissionalmente.
Elza Peixoto é docente do Departamento de Ginástica, Recreação e Dança do Centro de Educação Física e Desportos
Obs.: Este artigo foi originalmente publicado no Jornal Notícia Digital da Universidade Estadual de Londrina
Assinar:
Postagens (Atom)
Acompanhem a crítica de Renato Freitas (Deputado no Paraná) à alegada fraude eleitoral na Venezuela. O meu particular candidato a president...
-
Graças ao Tutaméia [da Helena e do Rodolfo] Veja no https://www.youtube.com/@EleonoraeRodolfoLucenaTUTAMEIA O Cientista Político J.C. Moned...
-
Olha só, o Moro [aquele juiz de Curitiba, da Ré-pública de lá] falou e disse que a investigação sobre o sítio atribuído a Luís Inácio era pa...
-
A velha índia está certíssima e o sindicalista velho deve ouvir e atender o que pede a nação indígena! Manto Tupinambá, exposto no Museu Na...